A China está entre os líderes mundiais no desenvolvimento de vacinas Covid-19. Suas indicações de que a produção em massa de vacinas é iminente levantou questões sobre a capacidade, eficácia e disponibilidade.
De 300 vacinas candidatas em todo o mundo, nove estão em fase 3 de testes em humanos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Quatro deles estão sendo produzidos na China, pela Sinovac Biotech, a empresa privada afiliada aos militares CanSino Biologics e o China National Biotec Group (CNBG), que tem duas iniciativas diferentes em desenvolvimento.
Se as vacinas chinesas são seguras e eficazes,
quantos podem ser feitos?
As incertezas permanecem, mas as autoridades chinesas estão otimistas de que o primeiro lote de vacinas Covid-19 estará pronto para o público em geral já em novembro ou dezembro.
A China aprovou três vacinas inativadas – duas da CNBG e outra da Sinovac – para uso emergencial em julho. A entrada de ambas as empresas no mercado de massa está sujeita aos resultados dos ensaios clínicos de fase 3.
De acordo com a Comissão Nacional de Saúde (NHC), a capacidade anual do país para a produção de vacinas Covid-19 chegará a 610 milhões de doses até o final deste ano e deverá aumentar para 1 bilhão de doses no próximo ano. A população da China é estimada em cerca de 1,4 bilhão.
O que sabemos sobre a segurança
e eficácias das vacinas chinesas?
A China tem administrado uma vacina candidata Covid-19 produzida internamente a grupos selecionados de trabalhadores, incluindo equipes médicas e oficiais de inspeção de fronteira, desde julho. Nenhum dos que receberam a dose inicialmente relatou febre e nenhum apresentou reações adversas graves, enquanto os resultados preliminares sugeriram que a proteção foi eficaz, de acordo com o NHC.
Quanto custarão as vacinas?
O vice-presidente do CNBG, Zhang Yuntao, disse este mês que suas vacinas, se aprovadas pelo regulador estadual de medicamentos, estariam disponíveis por no máximo 600 yuans (US $ 88) – abaixo dos 1.000 yuans sugeridos em agosto.
Não ficou claro se Zhang estava se referindo ao preço de varejo ou atacado, mas o número ainda é o mais alto até agora cotado para uma vacina candidata. As gigantes farmacêuticas AstraZeneca e Johnson & Johnson citaram preços mais baixos para suas vacinas candidatas, fortemente apoiadas pelos governos dos EUA e do Reino Unido.
Até agora o mais barato é o candidato desenvolvido pela Oxford University e AstraZeneca, que custará cerca de US $ 4 por dose quando vendido ao governo dos Estados Unidos. Outros países têm acordos para comprar a vacina da AstraZeneca, incluindo a Grã-Bretanha, cujo governo concordou em comprar 100 milhões de doses por um preço não revelado.
Outros desenvolvedores, incluindo Moderna, Pfizer e Merck, disseram que esperam lucro com seus produtos.
O governo chinês definirá a orientação de preços com base no custo e sujeita a ajustes, com o objetivo de tornar as vacinas acessíveis ao público. Há uma disparidade entre as rendas urbana e rural: a renda média anual disponível da China nas áreas urbanas no ano passado foi de 42.000 yuans (US $ 6.150), enquanto nas áreas rurais foi de 16.000 yuans. Não se sabe se o governo chinês pagará total ou parcialmente pela vacinação das pessoas.
Nem todos na China precisarão ser vacinados contra a Covid-19, de acordo com Gao Fu, diretor do Centro Chinês para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), sugerindo que o governo ainda não tem um plano de vacinação universal. O NHC disse que a vacinação começaria com grupos de alto risco, incluindo agentes de fronteira e trabalhadores médicos, bem como idosos, mulheres grávidas e crianças.
Quais países poderiam obter vacinas chinesas?
Junto com os Estados Unidos e a Rússia, a China está conspicuamente ausente da lista de 156 países que a OMS disse na segunda-feira passada estarem envolvidos no Covax – um programa da OMS para garantir acesso justo às vacinas Covid-19.
Os países onde os desenvolvedores de vacinas chineses estão realizando testes clínicos – incluindo Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Peru, Marrocos, Turquia, Bangladesh, Brasil e Indonésia – podem estar entre os primeiros a receber.
Da Ásia à África, as vacinas fizeram parte de uma ofensiva de charme da China para reparar laços tensos e aumentar o engajamento.
A China disse à Assembleia Mundial da Saúde em sua reunião virtual em maio que as vacinas Covid-19 de seu país, quando disponíveis, seriam tratadas como um “bem público global”. A China prometeu que os países africanos estariam entre os primeiros a se beneficiar de uma vacina aprovada.
Também disse que a prioridade será dada aos países do rio Mekong – Camboja, Laos, Mianmar, Tailândia e Vietnã – e prometeu que as Filipinas teriam acesso rápido, enquanto as nações da América Latina e do Caribe receberiam US $ 1 bilhão em empréstimos para comprar as vacinas .